Back to the top

Opiniões

Opiniões sobre o Artista

“O sábio poeta Salomão, filho do ilustre Davi, rei de Israel, num questionamento filosófico, por volta do ano 935 ac, já dissera a respeito de um certo ciclo repetitivo de realidades históricas no meio dos homens (Ec: 1.4-11). O advento da Revolução Industrial nos defrontou pela primeira vez com algo absolutamente novo como a produção seriada, o gesto mecânico, a repetitividade autômata do som e do movimento. Como a arte, é a própria vida materializada no traço, no gesto, no som, etc. O artista Marcos Irine, ao que me parece, não tem, a menor pretensão de qualquer proposta estética de vanguarda, quer apenas ver feliz o mundo pela ótica de quem faz, vive, e vê as artes, usando elementos do cotidiano metropolitano como forma de dizer o que pensam e sentem. Assim, suas obras mostram, por um lado a pluralidade na repetitividade do igual, tão próprio dos grandes centros, ao mesmo tempo em que, por outro lado, em meio a esta multiplicidade iconográfica, nos presenteia com a simplicidade objetiva da forma na captação e registro da essência que comunica o elemento básico da inspiração. Uma analogia facilmente perceptível em suas obras, é a equivalência de valores entre o som e a forma. Signos visuais simples, repetidos num arranjo poético, sobre um certo pentagrama chamado tela, cuja sonoridade pode ser tirada com virtuosismo por acadêmicos ou pessoas comuns, pois o instrumento de leitura é a sensibilidade, e o andamento é determinado pelo compasso da relação da “música” com o universo do belo. De uma coisa porém, estou bem certo: a arte de Marcos Irine tem um quê de minimalismo irrefutável que permeia toda a organização equacional de forma e cores na repetitividade enfática da forma simples”.

Juvenal Irene – Cenógrafo e artista plástico.

“A pintura de Marcos Irine remete às formas e marcas que têm caracterizado a cidade como tema das artes plásticas das primeiras décadas do século XX aos nossos dias: sem dúvida, essa realidade não é ocasional e demonstra sua qualidade de artista atendo às mais notáveis incursões contemporâneas no mundo das artes.

A ausência da perspectiva impele-o ao enfrentamento do bidimensional onde a ortogonalidade se impõe e exige do artista aquela maturidade capaz de extrair, do plano, a liberdade compositiva. A matriz dessa liberdade está contida na cor usada para detalhar os ícones urbanos e, sobretudo, para organizar, sem redundância, a visualidade que ultrapassa a moldura a fim de sugerir, ao espectador, uma outra temática mais densa e conseqüente: a necessidade de superar o tema e simplesmente, ver.

O ver se estende e se desenvolve no tocar como relações que se espelham no sensível e as artes sabem incorporar com sagacidade, quando desdobram, em paralelo, a pintura e a escultura. Ver e tocar, ultrapassar o bidimensional para atingir o tridimensional, sair do plano para conquistar o espaço: este é o convite que a pintura de Marcos Irine nos propõe.”

J. A. Ferrara – Crítico de Arte

“Assim este jovem artista de origem goiana, transita pelos encantos e ameaças do mundo urbano, pincelando e modelando o incompreensível com a simplicidade que apenas o olhar interiorano pode ter. Poesia das cores na realidade cinzenta das grandes metrópoles, a sagrada capacidade de buscar dentro de si, um equilíbrio para o indomável.

Marcos Irine nos mostra a verdadeira essência da arte, a arte pelo artista e não para o meio, a preocupação de criar algo que responda às próprias inquietações e não apenas à aceitação estética e temporal das tendências.

Coragem é a senha, coragem de entender o cotidiano sem violar a si mesmo, coragem de transformar o meio pelo único bem que trazemos, nossa alma. É esta a sina do artista, a insuportável e doce necessidade de encontrar a si mesmo.

Um trabalho delicado que nos faz sentir na ponta dos dedos as respostas que por vezes nem ousamos perguntar. Eles é, sem dúvida, uma nova janela, um beiral aconchegante para debruçar os olhos e entender a metrópole com a simplicidade das tardes do cerrado.”

Vito D’Alessio – Jornalista e fotógrafo

“Marcos Irine obedece a uma regra que surge do amálgama de suas emoções, do vibrar de sua fantasia, do exercício de sua inteligência, em resumo, da atividade do seu ser aberto à sensibilidade e ao conhecimento da emblemática da vida hodierna. O jogo cerrado e simultâneo dessas faculdades interiores do pintor deu vida a uma linguagem nítida e intensa, portanto, a um estilo bem próprio.

As relíquias de sua infância mineira, que constituem as formas de sua memória poética, foram se dissolvendo através do tempo, para dar espaço a um jogo totalmente novo, explicitamente devoto ao culto da racionalidade, a um divertimento mais ordenado, que com ironia dirige-se no caminho da cenografia e pacientemente busca uma linguagem que deverá brotar de um saber ver, não dos objetos, mas da idéia original dos mesmos.

Sua temática desenvolvida em simbologias repetitivas – cidades, casas, cortiços, favelas, coletivos, carros, barcos, seres, máscaras e religiões – se transforma em verdadeiras e própria palavras figurativas que o pintor usa para construir um recurso aparentemente dissociado, entretanto, extremamente coerente.

Marcos Irine obedece a uma regra que surge do amálgama de suas emoções, do vibrar de sua fantasia, do exercício de sua inteligência, em resumo, da atividade do seu ser aberto à sensibilidade e ao conhecimento da emblemática da vida hodierna. É tão somente o jogo cerrado e simultâneo dessas faculdades interiores do pintor, que deu vida à sua linguagem nítida e intensa, a regra, portanto, do seu estilo.

Concordamos com o crítico J A Ferrara, quando afirma que “A ausência de perspectiva impele-o ao enfrentamento do bidimensional onde a ortoganalidade se impõe e exige do artista aquela maturidade capaz de extrair do plano a liberdade compositiva”.

Trata-se de uma sintaxe para os olhos, desenraizada de toda sugestão onírica. As formas seqüenciais que persegue são um convite alegórico para ver a beleza das coisas no que existe, também, no mais pobre e humilde. Tudo se apresenta na mais cromática alegria, repleta de ritmo e musicalidade.

Se existe ambigüidade, está no fato de suas imagens serem firmes, de estruturas bem definidas, de cores que esplendem e emanam uma luminosidade radiante. Os seus personagens são “impressos” sobre a tela com um rigor de síntese que não deixa margem ao incerto. Consiste sim, uma operação estilística, onde as dificuldades voluntariamente procuradas servem a dar uma aguda e penetrante energia à sua linguagem.

Nas suas obras, uma sorte de inconsciente sentido intelectual, consegue conviver nas suas imagens e se identifica com o mais vivo sentimento da história contada e a realidade do presente. Sua superposição de símbolos, constitui uma identificação dos tempos e dos fatos criados pela pintura de Marcos Irine.

Através das obras da serie Urbana “Metrópole” e “Mascarados”, doadas ao Acervo Artístico do palácio 9 de Julho, Marcos Irine nos coloca face ao dilema: “A arte como um jogo, a inteligência da arte como um jogo”. Entretanto, a preocupação do pintor em buscar nos labirintos do pensamento impressões diversificadas se entrosa com a sua vitalidade de um “metteur-em-scene”.

Publicado No Diário Oficial de São Paulo, em 9/3/2005 – Emanuel Von Lauentein Massarani

Marcos Irine 2022 - Todos os direitos reservados

Posso ajudar?